O sentido literal na interpretação das Escrituras segundo Santo Tomás de Aquino

a Expositio super Job ad litteram como modelo

Autores

  • Carlos Frederico Gurgel Calvet da Silveira Universidade Católica de Petrópolis
  • Thiago Cabrera Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro

DOI:

https://doi.org/10.46859/PUCRio.Acad.ReBiblica.2596-2922.2023v4n8p543

Palavras-chave:

Comentários bíblicos, Anagogia, Retórica bíblica, Exegese medieval

Resumo

O sentido literal como base da exegese bíblica medieval remonta a séculos anteriores a Tomás de Aquino. Ele é a base de outros três níveis de leitura bíblica que constituíam a tradição exegética medieval, a saber, o alegórico, o tropológico e o anagógico. Contudo, no século XIII, momento em que a teologia atinge seu estatuto de ciência, consoante o modelo aristotélico, é fundamental para Tomás repensar a exegese literal das Escrituras como fonte para o desenvolvimento da teologia. A partir do critério tomasiano de subalternância, as Escrituras, como a teologia em geral, são considerados saberes subalternados à ciência divina, enquanto a exegese bíblica, que procede por raciocínios prováveis, é subalternada à teologia, que procede por raciocínios demonstrativos. Por meio da investigação de textos de Tomás, sobretudo de seu comentário ao Livro de Jó, pode-se compreender que o sentido literal, que é o sentido histórico, ou da narrativa bíblica, não se constitui uma mera exposição da letra dos autores sagrados, mas implica uma leitura mais ampla, a ponto de se admitir que a metáfora e outros tropos, em seu primeiro significado, pertencem ao sentido literal. Por estas razões e outras razões conexas a Expositio Super Iob ad Litteram torna-se um modelo para o uso do sentido literal no período escolástico.

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Publicado

2024-02-06