Os Filhos de Sara e Agar

"Alegoria" e Hermenêutica cristã primitiva das Escrituras na Carta aos Gálatas

Autores

  • Pedro Paulo Alves dos Santos

DOI:

https://doi.org/10.46859/PUCRio.Acad.ReBiblica.2596-2922.2021v2n3p88

Palavras-chave:

Literatura Paulina, Carta aos Gálatas, Sara e Agar, Alegoria e metáfora no NT, Escravo e livre

Resumo

Em Gl 4, 21-31 encontra-se a intrigante expressão “Nestes fatos há uma alegoria” (v.24: ) sobre o texto do Gênesis em relação às profundas diferenças entre os filhos de Sara e de Agar. Esta unidade parece indicar que Paulo interpreta personagens e textos do AT através da “alegoria” ou “tipologia”. Em sua argumentação, através de uma operação hermenêutica arriscada, Paulo quer desmontar os argumentos dos “judaizantes” e trazer os gálatas à serenidade do “Evangelho” de Cristo, que ele lhes anunciara no início da trajetória da Comunidade. Mas esta leitura “cristã” das Escrituras do Antigo Testamento parece testemunhar algo mais profundo que uma discussão sobre as técnicas de exegese de Paulo em seu contexto, no Cristianismo primitivo. Estaria em jogo, talvez, o desenvolvimento de uma precisa cristologia apostólica que organizaria não só a argumentação paulina no contexto da “lei”, mas um inteiro sistema de interpretação das Escrituras, que pode ser denominada de “cristã”? O presente artigo, por meio do exame de questões de ordem literária, como a composição da carta, seu gênero e a exegese de conceitos básicos, como “alegoria” e mistério, procurou iluminar na unidade de Gl 4,21-31 a problemática dos primeiros passos na elaboração de uma hermenêutica judaico-cristã primitiva no âmbito da literatura paulina.

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Publicado

2021-07-25