Elite e poder no último discurso de Jó (Jó 29-31)
DOI:
https://doi.org/10.46859/PUCRio.Acad.ReBiblica.2596-2922.2024v5n10a07Palavras-chave:
Jó 29-31, Análise retórico-poética, Elite, Relações de poderResumo
O poema de Jó 29 a 31 configura-se literariamente como último discurso do personagem Jó. Neste discurso-poema em primeira pessoa, o personagem Jó descreve-se em relação a Deus e aos socialmente fragilizados: alguém sobre quem está a benção divina e que possui respeitabilidade jurídica ao portão da cidade, que age em benefício dos desfavorecidos como extensão da ação divina. À medida que seu status social se inverte, descreve sua relação com Deus e com a sociedade de forma distinta. O artigo analisa a construção retórica e poética das relações de poder entre Jó (elite), Deus e os socialmente fragilizados de modo a legitimar a posição social da elite. Parte-se da caracterização da elite, de uma possível localização histórico-social do texto e do apontamento de como percepções elitistas e relações de poder podem ser vistas no poema. Por fim, demonstra-se a retórica da legitimação da elite em três dimensões: religiosa, ao outorgar a benção divina à ação do personagem Jó; social, em que a estabilidade e coesão social depende do reconhecimento das funções; e moral, em que determinadas ações são descritas como virtude da elite.