Revista Brasileira de Interpretação Bíblica https://revistarebiblica.teo.puc-rio.br/index.php/rebiblica <p>A<strong> Revista Brasileira de Interpretação Bíblica - <em>ReBiblica</em></strong> - nasceu de uma decisão conjunta dos professores-pesquisadores de Bíblia nos Programas de Estudos Pós-Graduados em Teologia e Ciências da Religião, afiliados à Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Teologia e Ciências da Religião (ANPTECRE).<br /><strong><br />Periodicidade semestral.</strong></p> Departamento de Teologia - PUC-Rio pt-BR Revista Brasileira de Interpretação Bíblica 2596-2922 O “culto racional” de Romanos 12,1-2 no ambiente da religio romana https://revistarebiblica.teo.puc-rio.br/index.php/rebiblica/article/view/159 <p>Na exortação ao “culto racional” de Rm 12,1-2, Paulo metaforiza o sacrifício e ressignifica o culto aos seguidores do movimento de Jesus em Roma. Trata-se de uma paráclise positiva que contrasta com o quadro descritivo negativo de Rm 1,18-32. O presente artigo busca analisar as implicações da exortação paulina em relação ao culto na <em>religio romana</em>, marcadamente ritualista e supersticiosa. Ao entender que no quadro negativo de Rm 1,18-32 Paulo tenha tido em mente a casa imperial, tais implicações devem ser relacionadas ao chamado “culto imperial”, entendido não somente como o culto ao imperador, mas sobretudo como os mecanismos de Estado que se serviam da <em>religio</em> para a manutenção do poder imperial. Na exortação que implica um novo <em>ethos</em> para os seguidores de Jesus, Paulo indica a necessidade de uma ética do discernimento a respeito da vontade de Deus: não se conformar com os elementos do éon presente, mas transformar-se pela renovação da mente, a fim de que a vida nova no Espírito seja oferta agradável a Deus, de corpos vivos e santos, que saibam discernir entre a <em>justiça e</em> <em>fidelidade</em> do Deus de Jesus e a <em>ius et fides</em> do Império.</p> Paulo Bazaglia Copyright (c) 2025 Revista Brasileira de Interpretação Bíblica 2025-06-25 2025-06-25 6 11 1 18 10.46859/PUCRio.Acad.ReBiblica.2596-2922.2025v6n11a02 A natureza contém o imprimatur Dei (Rm 1,19-20) https://revistarebiblica.teo.puc-rio.br/index.php/rebiblica/article/view/163 <p>O presente artigo reflete sobre a temática do cuidado com a casa comum à luz da perícope de Rm 1,19-20. Busca-se dialogar com a tradição dos povos originários da Amazônia e os desafios atuais. A Carta aos Romanos aborda os principais temas teológicos do <em>epistolário paulino</em>, sendo comumente aceita como uma das mais importantes cartas do apóstolo Paulo, considerada protopaulina. Partindo da reflexão paulina, vislumbra-se a importância da urgente conversão ecológica promovida pelo Papa Francisco, especialmente na Encíclica <em>Laudato Si</em>’, para superar toda a visão tecnocrata, utilitarista e consumista em virtude do caráter divino da criação. A Ecologia Integral tem suas raízes e fontes na belíssima teologia da criação e proporciona navegar pelos rios e lagos da Amazônia, a partir de uma ecoteologia libertadora, superando a crise socioambiental em que o Planeta se encontra. Neste sentido, o presente artigo oferece o texto bíblico em sua língua original e tradução, nota de crítica textual, bem como comentários bíblico-teológicos aos dois versículos da perícope de Rm 1,19-20. Em seguida, apresenta-se algumas das causas da crise e suas consequências e ainda, uma visão panorâmica dos sujeitos que operam na vasta rede de apoio à Região Panamazônica, redes eclesiais, governamentais e organismos diversos da sociedade civil que tem apoiado às comunidades dos povos originários e ribeirinhos na defesa do bioma, com sua fauna e flora. Enfim, o presente artigo reveste-se de uma especial atualidade pelo fato de que em novembro de 2025, na Amazônia, em uma de suas grandes capitais, Belém do Pará estará hospedando a COP30.</p> Waldecir Gonzaga Marco Antonio Cardoso da Silva Copyright (c) 2025 Revista Brasileira de Interpretação Bíblica 2025-07-03 2025-07-03 6 11 10.46859/PUCRio.Acad.ReBiblica.2596-2922.2025v6n11a07 Imprimatur Dei, teologia natural e revelação divina https://revistarebiblica.teo.puc-rio.br/index.php/rebiblica/article/view/160 <p>Deus se dá a conhecer através da criação (Rm 1,20), deixou no visível o seu próprio <em>imprimatur</em>. Na obra da natureza é possível apreender alguns atributos divinos: o bem, o belo, a verdade e o bom. O caos se fez cosmos pela ação criadora de Deus. Entretanto, o ordenamento dado pelo Criador à sua obra vem sendo perturbado pela ação humana. O mau uso daquilo que foi confiado ao ser humano (Gn 1,26) produz diferentes mazelas, desfigurando a natureza e ocasionando fenômenos naturais catastróficos. Aquilo que Deus criou e viu que era bom (Gn 1,1-25) tem se tornado como que um flagelo para a humanidade. A Bíblia apresenta a imagem da ira divina, em muitos casos através da imagem de fogo e de tempestade. O ser humano, arrogando para si a sabedoria para gerir sua vida e o mundo, ignora ação de Deus manifesta na criação, perturba a divina ordem da natureza e produz um mundo à sua própria imagem (Rm 1,21-23). Nesse sentido, esse artigo, através da análise exegética e do comentário teológico de Rm 1,18-23, apresenta elementos para se contemplar a manifestação de Deus em sua criação, como lugar do <em>imprimatur Dei</em>, impresso na natureza.</p> Waldecir Gonzaga Filipe Henrique de Araújo Copyright (c) 2025 Revista Brasileira de Interpretação Bíblica 2025-06-26 2025-06-26 6 11 1 23 10.46859/PUCRio.Acad.ReBiblica.2596-2922.2025v6n11a03 A saudação às mulheres em Romanos 16 https://revistarebiblica.teo.puc-rio.br/index.php/rebiblica/article/view/168 <p>Um documento de primeira grandeza para entendermos a relevância da participação feminina no cristianismo das origens é o capítulo dezesseis da Carta aos Romanos. Paulo saúda diversas mulheres, indicando serem importantes e valorizadas nas comunidades cristãs, o que era inovador em contraste com a sociedade da época. Essas mulheres demonstraram protagonismo e autoridade, exercendo funções variadas nas comunidades, seja como líderes, colaborando no ministério paulino ou atuando em ministérios específicos, como, por exemplo, no caso de Febe, exercendo a diaconia. Essas mulheres eram corajosas, sábias e santas, trabalhavam ativamente e ofertavam suas vidas pela propagação da mensagem evangélica. Na Carta aos Romanos não há espaço para um desmerecimento das mulheres em relação aos homens, pois o apóstolo as considerava com a mesma dignidade e direitos na missão de difundir o evangelho. Na Igreja contemporânea, o Papa Francisco realizou diversas atitudes em prol de uma maior consideração e valorização das mulheres, reconhecendo o trabalho missionário essencial que elas sempre desempenharam ao longo de toda a história. Os primeiros atos do Papa Leão XIV sugerem que os esforços de Francisco, para uma maior valorização das mulheres na Igreja, não foram em vão e mais avanços estão por acontecer.</p> Marcelo Massao Osava Copyright (c) 2025 Revista Brasileira de Interpretação Bíblica 2025-06-27 2025-06-27 6 11 1 23 10.46859/PUCRio.Acad.ReBiblica.2596-2922.2025v6n11a04 Paulo e a Justificação pela fé https://revistarebiblica.teo.puc-rio.br/index.php/rebiblica/article/view/157 <p>O artigo aborda o tema da justificação pela fé na teologia paulina, um tópico que, mesmo após quase 25 anos da <em>Declaração Conjunta sobre a Doutrina da Justificação</em> (1999), continua central e controverso. Partindo de críticas à interpretação tradicional, o texto explora duas reviravoltas hermenêuticas: o “nomismo da aliança”, proposto por E. P. Sanders, que rejeita o caráter legalista do judaísmo palestinense, e o “particularismo judaico”, defendido por James D.G. Dunn, que interpreta a justificação como um ato inclusivo em resposta ao exclusivismo judaico. O artigo também analisa a tensão entre a perspectiva sociológica dessas abordagens e a centralidade cristológica de Paulo, destacando que a salvação é exclusivamente mediada por Cristo. Em diálogos com Gálatas e Romanos, o estudo investiga como a justificação pela fé afirma tanto a suficiência de Cristo para os cristãos gentios quanto sua necessidade universal, incluindo os judeus. A reflexão conclui que o tema permanece relevante, desafiando a compreensão do evento Cristo e seu impacto na experiência de fé. Assim, o artigo não apenas revisita o debate exegético, mas também ilumina implicações teológicas mais amplas, reafirmando a justificação pela fé como um ponto nodal na proclamação do Evangelho e na prática cristã contemporânea.</p> Mariosan de Sousa Marques Copyright (c) 2025 Revista Brasileira de Interpretação Bíblica 2025-06-25 2025-06-25 6 11 1 18 10.46859/PUCRio.Acad.ReBiblica.2596-2922.2025v6n11a01 O Ocaso do Sacerdócio em Judá https://revistarebiblica.teo.puc-rio.br/index.php/rebiblica/article/view/151 <p>Os anos do reinado de Josias avançavam e a tentativa por resgatar a fidelidade face a YHWH encontrava seus últimos dias. Muito em breve o rei iria perecer num combate em Meguido, fazendo naufragar qualquer possibilidade de se evitar a destruição, o desterro e a tragédia. Foi nesse curto período (± 641 – 609 a.C.) que o sacerdócio do Reino de Judá encontrou uma resistência dos ministros religiosos da capital face àqueles que exerciam suas atividades nas províncias. Mais que um embate entre o verdadeiro e o falso Javísmo, a questão envolvia privilégios para os sacerdotes de Jerusalém, mesmo que isso levasse a se descumprir um preceito legal. Usando uma metodologia de natureza diacrônica – que deixa de apresentar a tradução segmentada e as notas de crítica textual por razões de restrição de tamanho do texto –, o presente artigo trabalha as figuras dos diversos tipos de sacerdotes existentes no território de Judá ao final do século VII a.C. e sua difícil relação interpessoal.</p> Luiz Henrique Lucas Barbosa Copyright (c) 2025 Revista Brasileira de Interpretação Bíblica 2025-07-03 2025-07-03 6 11 1 19 10.46859/PUCRio.Acad.ReBiblica.2596-2922.2025v6n11a05 O perdão e o amor em “A mulher pecadora perdoada” em Lucas 7,36-50 https://revistarebiblica.teo.puc-rio.br/index.php/rebiblica/article/view/161 <p>O presente artigo visa analisar o tema em Lucas 7,36-50. Nesta abordagem, destacar-se-á o enfoque hermenêutico feminista e libertador, com o intuito de salientar a importância desta abordagem para a reflexão teológica. Sabe-se que a questão do poder e da autoridade, nas tradições religiosas, sempre se apresentou de um modo a negar a importância da mulher. Na prática de Jesus, a mulher ocupou um lugar de grande importância no seu apostolado. Há que se ler e interpretar estes textos para demonstrar que no cristianismo das origens o papel da mulher era central. Nesta reflexão, pretende-se validar esta impostação mediante um caminho em três momentos. No primeiro, será analisado o texto em Lucas 7,36-50 e, no segundo, buscar-se-á apresentar uma leitura ético-teológica, interpretando o texto a partir de uma visão que foi sendo aceita e se impôs na tradição cristã. Enfim, na terceira, ressaltar-se-á a importância da hermenêutica feminista e libertadora, realçando a centralidade da posição e do papel da mulher no cristianismo das origens. O objetivo é o de propor uma revisão teológica sobre o que significou ser mulher no contexto de Jesus, o seu papel na comunidade chamada a ser discípula e inspirar-se nisso para revisar as relações de poder e autoridade.</p> André Luiz Boccato Almeida Patrícia Carneiro de Paula Copyright (c) 2025 Revista Brasileira de Interpretação Bíblica 2025-07-03 2025-07-03 6 11 1 16 10.46859/PUCRio.Acad.ReBiblica.2596-2922.2025v6n11a06