“Alegra-te, estéril, que não dás à luz” (Gl 4,27bc)
o uso de Is 54,1 em Gl 4,21-31
DOI:
https://doi.org/10.46859/PUCRio.Acad.ReBiblica.2596-2922.2021v2n3p113Palabras clave:
Gálatas, Isaías, Gênesis, Intertextualidade, Soteriologia, AlegoriaResumen
A presença dos judaizantes na Galácia provoca uma profunda perturbação naqueles que foram, outrora, evangelizados pelo apóstolo Paulo. Para restabelecer a paz entre os Gálatas e torná-los conscientes do verdadeiro sentido da liberdade cristã, Paulo lhes escreve uma epístola onde, na perícope de Gl 4,21-31, desenvolve uma argumentação baseada em releituras do Gênesis e de Is 54,1 com o intuito de demonstrar que os Gálatas são os verdadeiros “filhos da promessa”, que foram libertos por Cristo do jugo da Lei. Este artigo pretende analisar, em primeiro lugar, a perícope de Gl 4,21-31 em seu conjunto, com o intuito de compreender o uso que Paulo faz de Is 54,1 em Gl 4,27. Num segundo momento, depois de refletir brevemente sobre o modo como Paulo costuma utilizar-se das tradições veterotestamentárias em seus escritos, chega-se ao ponto central do artigo: o sentido que a citação de Is 54,1 adquire em Gl 4,27. Diferentemente da ideia presente nas tradições apocalípticas de sua época (4Esd; 1Hen), Paulo não imagina uma Jerusalém futura que substituirá a Jerusalém de agora, mas vê que essa substituição já foi operada pelo sacrifício de Cristo, que abriu aos crentes as portas da verdadeira Jerusalém, a do alto, livre e “nossa mãe” (Gl 4,26).