Autoridade e [i]legitimidade do poder na narrativa exodal
um enfoque literário-teológico acerca do antagonismo entre YHWH e faraó mediado pela perspectiva filosófico-conceitual de Hannah Arendt
DOI:
https://doi.org/10.46859/PUCRio.Acad.ReBiblica.2596-2922.2024v5n10a08Palavras-chave:
autoridade, poder, narrativa exodal, análise narrativa, hannah arendt, o que é autoridade?Resumo
Propõe-se um ensaio acerca da questão da autoridade e [i]legitimidade do poder na narrativa exodal, por meio de uma abordagem literário-teológica ajustada pela análise narrativa. Há de se investigar, no âmbito do mundo narrado na primeira parte do livro do Êxodo, o antagonismo entre YHWH e Faraó, tendo como mediação a perspectiva filosófico-conceitual de Arendt. Tal enfoque baseia-se no texto “que é autoridade?”, no qual concebe-se a autoridade como uma forma de poder fundamentada na aceitação e reconhecimento de uma hierarquia ou tradição, sendo obedecida sem necessidade de coerção ou persuasão, mas pelo reconhecimento da legitimidade moral do caráter de quem exerce a soberania. Assim, propõe-se analisar, com base no conceito tripartite de Arendt sobre poder, força e autoridade, as acepções filosóficas do antagonismo teológico entre YHWH e o faraó egípcio. Destarte, há de se demonstrar que o legislador-protagonista, em Ex 19,4-6, estabelece um contraste entre o caráter de YHWH e de Faraó como fundamento retórico da aliança. Esse contraste atesta a legitimidade do poder do SENHOR frente ao sistema opressivo do Egito. Conclui-se, então, que as ações de justiça ou injustiça dos soberanos determinam a legitimidade ou ilegitimidade do poder exercido por eles, fundamentando assim sua própria autoridade.